Criação


ASPECTOS QUE DEVE TER EM CONSIDERAÇÃO ANTES DE COMEÇAR A CRIAR AVES:
     A criação de aves pode ser um passatempo interessante, que exerce em muitos indivíduos um fascínio perpétuo. A maior parte das pessoas inicia-se com aves que são de fácil criação, mas, após "apanhar o vício", começam a procurar aves que representem um maior desafio. Procurarão aves que sejam um pouco mais raras ou concentrar-se-ão em aves com uma certa coloração ou num tipo específico de estirpe. Independentemente do tipo de objectivos que mobilizam um criador, devem ser sempre cumpridos alguns princípios básicos. A gaiola ou aviário de criação devem ser suficientemente espaçosos e estar dispostos de uma tal forma que as aves se sintam confortáveis e com boa animosidade. A criação exige grande esforço das aves e é óbvio que os casais para criação devem estar em boas condições físicas antes de iniciar a época de gestação. Pode garantir isto, adquirindo aves saudáveis e proporcionando-lhes o melhor que estiver ao seu alcance, no que diz respeito a alojamento e alimentação. Se pretende criar aves com um certo tipo de coloração ou se deseja que as suas aves participem em exposições, é sensato não fazer criação utilizando aves que possuam alguma malformação evidente. Neste caso, é essencial que tenha um amplo conhecimento dos vários critérios que se aplicam a estas exposições de aves.
     A idade da ave que será utilizada para criação é também um factor importante. Se forem utilizadas aves que sejam demasiado jovens para fins de criação, é altamente improvável que os objectivos sejam alcançados. O mesmo se aplica a aves que sejam demasiado idosas. A idade com que uma ave pode ser utilizada para fins de criação varia de espécie para espécie. Várias espécies pequenas de bicos-de-lacre podem ser utilizadas para fins de criação quando atingem nove ou dez meses de idade, enquanto vários tipos de periquitos e de espécies da família dos papagaios devem ter já vários anos de idade.
A AGRESSIVIDADE DURANTE A ÉPOCA DE GESTAÇÃO:
     Nem todas as aves escolhem o seu parceiro com facilidade. É muito frequente que aves que tenham sido colocadas na mesma gaiola ou no mesmo aviário não se dêem bem. Se possuir alguma espécie conhecida pela sua intolerância, garanta a sua presença nas proximidades durante os primeiros dias em que ela é colocada com outras. Pode interferir sempre que a situação possa estar fora de controlo. Podem surgir problemas posteriormente, caso um dos parceiros esteja na disposição de procriar, mas o outro não queira. O comportamento agressivo durante a época de acasalamento restringe-se aos machos. Atacam-se mutuamente, por vezes com consequências desastrosas. Se mantiver uma vigilância atenta sobre as aves, pode separá-las antes que seja tarde demais. Por vezes, prender uma das asas do elemento agressivo pode ser eficaz. A ave perde rapidez e mobilidade em consequência desta deficiência temporária. A agressividade é, frequentemente, um comportamento de natureza temporária e dura apenas o tempo de que a fêmea necessita para estar disposta ao acasalamento, isto se a fêmea não for demasiado jovem.
PREPARATIVOS:
     Certifique-se da criação de um ambiente em que as aves se sintam confortáveis e, por conseguinte, dispostas ao acasalamento. Para certas espécies, é obrigatório ter uma aviário enorme sem quaisquer outras aves nas proximidades, ao passo que outras espécies gostam de fazer os seus ninhos muito próximos uns dos outros, no meio de muitas outras aves, num espaço bastante limitado. Deve certificar-se da afixação de caixas de ninhos ou cestos de ninhos em várias partes abrigadas do aviário ao ar livre e do abrigo nocturno. Por princípio, o número de caixas de ninhos a colocar no aviário deve ser sempre superior ao número de casais, para diminuir ao máximo a disputa por um lugar favorito para nidificar. Adquira apenas caixas de ninhos que tenham as dimensões apropriadas e sejam feitas do material correcto para as espécies que pretenda criar. Os pombos, por exemplo, preferem pranchas ou plataformas abertas, enquanto outras espécies preferem procriar em caixas de ninhos que sejam completamente fechadas. E recomendável adquirir caixas de ninhos que possam ser abertas pelo topo, para poder ver se os ovos estão ou não a ser incubados e poder observar o desenvolvimento das jovens crias. Pode ajudar as aves que constróem os seus ninhos em caixas elevadas ou em buracos existentes nos troncos de árvores, colocando "degraus" que conduzam ao buraco de entrada. Devem ser de rede de arame e firmemente fixos ao interior da caixa ou do tronco. Este procedimento impedirá as aves progenitoras de, inadvertidamente, danificarem os ovos.
MATERIAIS PARA O NINHO:
     Certifique-se que possui sempre por perto bastante material para construir o ninho que seja adequado às aves que cria. Entre os materiais adequados para construir os ninhos incluem-se: erva seca, feno, raízes de plantas (sacuda cuidadosamente eventuais pedaços de turfa e coloque-as no aviário em posição invertida), musgo seco, folhas, pêlos de animais (coelhos, cães, cavalos e gado) e pequenos galhos. A maior parte das espécies da família dos papagaios da Austrália não constrói ninhos. Coloque uma camada de musgo húmido ou aparas de madeira no fundo da caixa do ninho. Este procedimento conserva os ovos ligeiramente humedecidos - a desidratação é fatal - e também impede que os ovos rolem para os lados. As espécies de aves de natureza destrutiva - principalmente os papa- gaios, um grande número de periquitos e as catatuas - gostam de roer e têm tendência para "redecorar" os ninhos com os seus bicos afiados. Nem sempre o fazem de uma forma muito expedita. Por vezes, roem a entrada da caixa do ninho de tal forma que esta passa a ficar semi- aberta. Também acontece que muitas aves progenitoras não abandonam o fundo da caixa do ninho. Uma protecção suplementar, porventura com madeira rígida ou algumas faixas de metal, pode revelar-se útil. Dê sempre a estas aves bastante material para roer durante a época de gestação, por exemplo, uns galhos verdes de salgueiro.
QUANTAS NINHADAS POR ANO?:
     Muitas espécies de aves apenas procriam uma vez por ano e nada mais. Outras espécies, geral- mente as mais populares, costumam gerar várias ninhadas por época. Também existem espécies que começam a procriar demasiado cedo, dando origem a que as crias nasçam numa estação do ano desfavorável, ou procriam até ao final do Outono até, literalmente, caírem para o lado. A época errada e a procriação descontrolada das aves podem causar problemas. Em consequência de stress ou de alterações hormonais, aves que, habitualmente, têm uma natureza pacífica começam a manifestar tendências canibalescas em relação às crias. Outras aves podem ter uma segunda ninhada, enquanto as crias da primeira ninhada ainda vivem no ninho, o que pode provocar confusão aos progenitores, que as jogam para fora do ninho. Em outros casos, os ovos podem permanecer estéreis ou, pura e simplesmente, não incubar. Há também alguns progenitores que deixam as crias entregues a si próprias prematuramente. Em resumo, existem numerosas situações que podem correr mal, caso as aves sejam abandonadas aos seus próprios meios. De um modo geral, é recomendável proporcionar algum descanso às aves, após a segunda ninhada. Pode fazê-lo, retirando do aviário todas as caixas de ninhos. Se as aves ainda encontram algum recanto para prosseguir as suas actividades, é melhor alojar as aves, separando-as por sexos, durante a época de pousio (Outono e Inverno). Existem, eventualmente, muitas outras causas de problemas relacionados com a criação. Entre outras, pode-se citar a utilização de aves demasiado jovens. (...)

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